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Sinopse

Marty é um escritor numa crise de criatividade. Billy, seu melhor amigo, é um ator desempregado e um ladrão de cachorros disposto a ajuda-lo.

Crítica

A ideia, de imediato, parece interessante: reunir um monte de amigos numa trama non sense de irresistível humor negro. E se o resultado nem sempre é satisfatório, ao menos Sete Psicopatas e um Shih Tzu consegue ser uma diversão inteligente em sua maior parte, fazendo da nova parceria entre o diretor Martin McDonagh e o astro Colin Farrell (antes, a dupla esteve junta em Na Mira do Chefe, de 2008, que rendeu um Globo de Ouro de Melhor Ator para Farrell) um saudável respiro dentre a atual programação desta temporada, dividida entre blockbusters aguardados e favoritos ao próximo Oscar. A intenção, aqui, não vai além do entretenimento perspicaz.

Entre atores renomados em pequenas participações (Michael Pitt, Gabourey Sidibe), atrizes em ascensão (Abbie Cornish, Olga Kurylenko) e velhos favoritos (Harry Dean Stanton, Tom Waits), temos em Sete Psicopatas e um Shih Tzu a história de dois amigos sendo perseguidos por um perigoso mafioso. A brincadeira começa antes mesmo dos créditos de abertura, quando começa a contagem dos tais psicopatas do título. Essa numeração logo se transfere para o espectador, que ficará obcecado em finalizar a conta por onde se espalham todos os maníacos anunciados. Alguns são óbvios, como o bandidão (Woody Harrelson) que teve seu shih tzu sequestrado e sai matando todos em seu caminho na busca pelo cãozinho desaparecido. Outros podem ser surpresas, como o sempre ótimo Christopher Walken, um velho picareta que guarda um fundamental segredo no seu passado.

A ação, no entanto, está centrada nas figuras de um roteirista em crise criativa (Colin Farrell, em excelente forma física e distante do tipo heroico de filmes como O Vingador do Futuro, 2012) e do seu melhor amigo, um ator desempregado (Sam Rockwell, indicado ao Independent Spirit Award como Melhor Ator Coadjuvante). Marty (Farrell) está tentando desenvolver uma história chamada justamente de Sete Psicopatas, enquanto que Billy (Rockwell) tenta colaborar de todas as formas, seja sugerindo novas situações ou mesmo partindo para atitudes mais drásticas. Será essa carência de envolvimento entre os dois que irá desencadear a trama, num formato auto-referencial – os atores comentam o que irá acontecer no próprio filme, como se o que estivéssemos assistindo fosse não só a vida deles, mas também o texto que estão elaborando – esperto e repleto de boas sacadas.

A despeito do que acontece com todos estes psicopatas – e mesmo com o shih tzu que está no centro da questão – Sete Psicopatas e um Shih Tzu vale mesmo por seus personagens, todos eles desenvolvidos com bastante inspiração e defendidos com vontade por seus intérpretes. Tanto que o filme ganhou o prêmio de Melhor Elenco na associação dos críticos de Boston e foi indicado na mesma categoria na premiação dos críticos de San Diego. Reconhecimentos que comprovam o que de melhor essa produção tem a oferecer, uma brincadeira que deve ter sido feita com bastante entrosamento entre todos os participantes e que, felizmente, consegue transmitir esse bom astral também para o lado de cá da tela grande.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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